Bombeiros do Alto Minho acusam INEM de perseguir corporações que exigem pagamento justo

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A Federação de Bombeiros do distrito de Viana do Castelo acusou o INEM de fazer inspeções a ambulâncias “à porta de hospitais”, para “perseguir” as corporações que reclamam “um preço justo” pelos “milhares de missões” que lhe prestam.

“Na última semana foram realizadas várias atividades inspetivas a viaturas de várias corporações de bombeiros que prestam serviços ao INEM. Não estamos contra as inspeções, até as louvamos. O problema é que as viaturas, que são nossas, ficam retidas à porta dos hospitais, local que não é adequado para o efeito”, disse o presidente da Federação de Bombeiros do distrito de Viana do Castelo, Germano Amorim.

Contactado pela agência Lusa, a propósito de um comunicado emitido sobre o assunto, Germano Amorim considerou tratar-se de “uma exibição de força, um método de pressão” sobre as corporações de bombeiros que decidiram cobrar um preço “justo e adequado para a prossecução dos serviços do INEM”.

A Lusa contactou o INEM, mas ainda sem sucesso.

Segundo Germano Amorim estão em causa os valores que as corporações de bombeiros decidiram passar a cobrar pelos serviços que não são abrangidos pelo Protocolo de Emergência Médica (PEM).

“Isto é como um cidadão que entra num táxi, diz ao motorista só paga cinco euros para fazer a viagem entre Arcos de Valdevez e Viana do Castelo. Não pode ser. O que exigimos é que o INEM compreenda que não temos recursos à disposição, nem logísticos, nem humanos, nem financeiros para poder prestar um serviço 24 horas. As federações de bombeiros estão fartas de dizer que não têm condições para garantir o exercício dessas funções sem mais apoio financeiro e, muito menos vamos aceitar continuar a fazê-lo se nos quiserem impor um preço que não aceitamos”, sublinhou.

Germano Amorim garantiu que os valores exigidos pelas associações humanitárias “não são loucos e desajustados”, antes “são preços perfeitamente normais face à atual conjuntura”.

O responsável acrescentou que o INEM sabe onde ficam os quartéis dos corpos de bombeiros, o local adequado para realizar as atividades inspetivas.

“As inspeções podem ser feitas nos quartéis, em horários com menor atividade dos bombeiros. A que propósito se fazem à porta dos hospitais? É um espetáculo que não faz sentido algum e põe em causa o socorro e a emergência pré-hospitalar. Uma viatura que fica retida mais meia hora num hospital, é uma viatura que está meia hora a menos disponível à população”, apontou.

“Estamos a falar de uma entidade inspetora que não cumpre com as suas próprias viatura. Vemos viaturas do INEM que não estão, sequer, em condições para circular na estrada”, reforçou.

Na nota hoje enviada às redações, a Federação de Bombeiros do distrito de Viana do Castelo, com sede em Arcos de Valdevez, frisou que “impugnará administrativa e judicialmente todos os autos de contraordenação” que advierem das inspeções e, que “exigirá os pagamentos que nos são devidos, nem que seja judicialmente”.

“Não nos intimidam e iremos até ao fim para garantir o socorro às pessoas”, sustenta a nota, sublinhando que “os bombeiros garantem 90% dos serviços de emergência médica efetuados diária e, ininterruptamente”.

Segundo a federação, em 2022 foram realizados 25.206 serviços nos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo.

“Acudimos a 25.206 cidadãos em estado de vulnerabilidade e carentes de cuidados médicos urgentes, assumidos 24 horas. O INEM somos nós, bombeiros. O socorro é entregue aos bombeiros, mas em claro estado de subfinanciamento. Os valores pagos não são suficientes para fazer face às despesas que crescem num cenário de redução do voluntariado e aumento de preços em tudo o que é necessário para garantir o serviço”, realça a nota.

Para a federação “persistem as dúvidas” sobre “a necessidade de continuação do INEM que devia ser absorvido pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, já que a sua atuação assenta em 90% na proteção civil, que são os bombeiros”.