“Tsunami” inundou Santoinho de alegria e diversão
O cheirinho a sardinha assada para quem passa na estrada nacional 13, em Darque, não engana. O arraial de Santoinho abriu portas para mais uma temporada, contando com casa cheia. Centenas de romeiros não quiseram perder a primeira festa da época, aproveitando para comemorar aniversários, festejar efemérides ou simplesmente usufruir do arraial onde alegria e tradição andam de mãos dadas.
Com uma faixa ao peito e dois balões na mão, Tânia Caridade, de Aguiar, Barcelos, não passou despercebida no arraial. Escolheu o arraial de Santoinho para comemorara com a família e amigos os seus 40 anos. “Já não seu quantas vezes vim cá e gosto muito. É um sítio muito agradável”, declarou, notando que aproveitou a ocasião para dar a conhecer o espaço a colegas de trabalho. “São brasileiras e não sabiam o que era este arraial. Então, aproveitei para fazer aqui a festa porque não falta a alegria, a cor, a diversão… tudo”, frisou, notando que por também ela estar ligada ao folclore o Santoinho “é ainda mais especial”. “Sou ensaiadora do rancho da minha terra e estes momentos tocam-me muito. Santoinho tem tudo. Vale muito a pena vir cá, aliás, até já vim com pessoas de Lisboa e eles adoraram. Aqui é tudo muito genuíno”, vincou.
Os elementos do grupo de Patrícia Martins escolheram envergar um lenço vermelho no arraial de Santoinho e destacavam-se por serem mais de 300 pessoas. A sua empresa comemorou dez anos recentemente e garante que o local escolhido para celebrar não poderia ter sido outro. “Desde Sempre que frequento o Santoinho, mas não foi só por isso. O Santoinho homenageou o meu avô, Nélson Vilarinho, e fazia todo o sentido que fosse neste local. Como costumo dizer, esta é a minha segunda casa, é mesmo muito especial”, realçou, recordando os momentos que passou com a família neste arraial. “O nome da minha empresa, Canevi, também é uma homenagem ao meu avô: Calçado Nélson Vilarinho. No meio de tantos netos e sete filhos sou a única que toco concertina e sou a herdeira da concertina do meu avô”, acrescentou, mostrando-se agradada coma. adesão dos clientes à comemoração do décimo aniversário. “São cerca de 300 pessoas, muitos até vieram da Suíça de propósito e isso é muito bom. Inicialmente, até estava com algum receio que alguns não se identificassem com o ambiente, mas estão todos a adorar e eu estou muito feliz”, afirmou.
Ao arraial do Santoinho chegam foliões de todo o país, grandes partes dele em excursão, que exibem, orgulhosamente algum adereço que identifica a localidade de origem. Érica Portelinha faz parte da comissão de festas de Loivos, em Chaves e foi uma das responsáveis por organizar uma excursão ao Santoinho. Instalado perto da eira, o grupo apreciava a malhada protagonizada pelo Grupo Etnográfico da Areosa, enquanto degustava a sardinha assada e a broa. “Algumas pessoas da nossa aldeia já tinham vindo e como gostamos dos arraiais e da tradição viemos até aqui”, declarou, garantindo que a viagem “valeu muito a pena”. “É uma iniciativa muito boa para se mostrar como eram os arraiais de antigamente, uns recordam o que faziam e outros ficam a conhecer como se passavam as coisas. É uma festa muito boa para todas as idades”, salientou.
Valdemar Cunha, administrador do Grupo Avic, não tem dúvidas que “o Santoinho está com muita força”, ainda embalado pelas comemorações dos 50 anos. “E estou certo que prorrogamos isto por mais 50, no mínimo”, garantiu, mostrando-se agradado com a adesão das pessoas ao arraial. “Sentimos que na abertura houve um tsunami muito grande de reservas, que procuramos satisfazer. Não é pela ansiedade de vender muito, mas de querer fazer boas festas”, sustentou, frisando que a vertente económica é “absolutamente secundária”. “Claro que faz falta, mas, cada vez mais, a razão do Santoinho é manter a tradição e esta festa para sempre”, declarou, destacando, no arraial do arranque da temporada, a presença da neta de Nélson Vilarinho, que aproveitou a festa para comemorar os dez anos da sua empresa. “Tem uma relação de trabalho com o estrangeiro e trouxe um grupo enorme. No fundo, também lembra o avô e sentimos que desde que inauguramos o painel de homenagem a Nélson Vilarinho há uma gratidão muito grande e ela própria sente uma grande alegria em tocar para ao avô. Por isso, esta festa teve essa grande virtude de lembrar o Vilarinho, a romaria e como ele cantava a caminho da serra d’Arga e das festas, arrastando a multidão”, sustentou.
Valdemar Cunha salienta que a procura para participar no arraial de Santoinho continua a ser “enorme” e revelou que no próximo dia 3 de agosto será realizada na eira exterior o festa de encerramento das comemorações dos 50 anos de Santoinho. “Será a repetição do dia 3 de agosto do ano passado, quando começaram as comemorações. Estiveram presentes 20 mil pessoas de todo o país, foi um acontecimento enorme com os cantores da nossa região, entre eles o Canário, o Quim Barreiros e os Sons do Minho e o Zézé Fernandes”, declarou, que essa festa de encerramento contará com a presença de um convidado especial. “Apadrinhado por estes cantores, vai também estar presente o Toy. No interior do arraial não actuam cantores de outra região, mas como é no exterior as coisas são diferentes. O Toy é uma grande amigo do Santoinho. Já chorou de alegria comigo e ficou sensibilizado e merece participar nesta festa”, adiantou, notando que, desta forma, o encerramento das comemorações dos 50 anos de Santoinho será feito com “glória”. “Ao longo do ano organizaram-se muitas acções e ainda vamos homenagear pessoas que trabalharam desde a fundação do Santoinho. As comemorações terminam no dia 3 de agosto com esse grande acontecimento, com entrada livre”, explicou, recordando que, o ano passado, a população gostou de se envolver na festa. “As pessoas passavam por mim e diziam-me: eu não o conheço, mas aquilo foi um acontecimento, foi melhor que as festas d’Agonia”, atirou
Os arraiais no Santoinho decorrem até Novembro, sendo que o próximo está marcado para 24 de Junho.