Marta Paço: “Será mais fácil enfrentar uma onda do que um exame”
A duplamente campeã europeia e mundial de surf adaptado, Marta Paço, vai ser a embaixadora das Buondi Surf Sessions que se vão realizar nas praias de Matosinhos e Carcavelos. “Uma oportunidade para mostrar que o surf é um desporto onde cabe toda a gente”, disse a vianense, que sonha com a modalidade nos Jogos Paralímpicos.
“A Buondi fez-me o desafio de participar neste evento. Adorei a forma e o entusiamo como me apresentaram a ideia e decidi juntar-me a eles para fazer isto acontecer da melhor forma possível”, revelou Marta Paço.
“Para mim, é um orgulho muito grande ver que as marcas estão a inserir o surf adaptado nos seus eventos. Estão a torná-lo mais conhecido no país e, também, a contribuir para que mais pessoas com deficiência possam ter a experiência de fazer surf e possam aproveitar o mar com todas as condições e segurança”, confidenciou ao jornal Alto Minho.
As Buondi Surf Sessions surgem pela ação da SURFaddict, entidade que promove diversas iniciativas para dar a conhecer o surf a todo o tipo de pessoas. Nos dias do evento, as aulas serão gratuitas, abertas ao público em geral e a alunos portadores de deficiência motora, visual ou cognitiva. Neste mês, a 19, será a praia de Matosinhos a receber o evento. A 2 de setembro, a de Carcavelos, onde Marta Paço marcará presença.
“A minha função vai ser ajudá-los a ter uma experiência o mais positiva possível para que saiam só com boas memórias e que, quem sabe, queiram repetir a experiência”, revelou a surfista vianense.
Até porque a prática do surf adaptado inicia-se, para a atleta vianense, num momento similar em que a incentivaram a experimentar. “O surf surge na minha vida porque a minha mãe tinha um café perto do Cabedelo e alguns elementos do Surf Club de Viana desafiaram-me. Eu como sempre gostei imenso de água e sempre, desde bebé, passei muito tempo na praia achei que era uma ótima ideia. Experimentei e adorei”.
A primeira vez que “subiu” para a prancha no mar sentiu-se “muito livre e muito feliz” e percebeu que o surf lhe “trazia sensações que nenhum desporto que tinha experimentado lhe trouxe”. Percebeu de imediato que “era isto que queria fazer”.
O evento tem o apoio de uma marca. Marta é embaixadora de mais três. “Com a evolução que Portugal tem demonstrado no desporto adaptado – e também, obviamente, no surf – acho que era o momento das marcas olharem para ele como desporto e não uma coisa que as pessoas com deficiência fazem por entretenimento. É o momento de olharem para nós como atletas e não pessoas que o fazem como terapia”, considerou.
Depois de ter conquistado o campeonato europeu e o mundial, Marta Paço tem, agora, dois sonhos: “Gostava imenso que o surf entrasse nos Jogos Paralímpicos e, depois disso, conquistar a medalha de ouro”.
Por isso assume quase uma “missão que é a de ajudar a modalidade a crescer, contribuindo em todas as iniciativas possíveis que tragam benefícios à modalidade para que ela se torne mais conhecida e possa entrar nos jogos”.
Ao mesmo tempo, prepara-se para o mundial e lançou, a si mesma, um novo desafio que é a de obter a licenciatura em Ciências Políticas e Relações Internacionais. “A intenção é conciliar as duas coisas”, revela, antevendo que o seu gosto irá cair mais nas relações internacionais: “Agrada-me a possibilidade de promover o diálogo entre pessoas diferentes, entre nações e culturas distintas e ter a oportunidade de conhecer várias realidades para além, quem sabe, viajar para vários sítios em que em alguns possa fazer surf”.
Olhando para o futuro próximo Marta Paço tem, desde já, uma certeza: “Será mais fácil enfrentar uma onda do que um exame”, diz sorrindo.