Percevejos asiáticos estão a invadir o Minho

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Moradores na freguesia de Creixomil, concelho de Guimarães, dizem estar “a enfrentar um verdadeiro pesadelo e a viver em desespero”, face a uma praga de percevejos asiáticos, apelando às autoridades para que adotem medidas urgentes. Daniela Guimarães, porta-voz dos moradores e que está a preparar um abaixo-assinado, explica que a praga destes insetos, vulgarmente designados de ‘fede velhas’, começou há dias, dando conta de que são às centenas.

“Os percevejos voam até à fachada dos prédios e janelas, conseguindo entrar nas casas mesmo com tudo fechado. Fazer coisas banais como colocar roupa a secar nas varandas ou abrir as casas para renovar o ar tornaram-se um completo pesadelo. Os moradores que enfrentam, desde há várias semanas, esta praga, sem qualquer perspetiva de resolução, sentem-se completamente desgastados e esquecidos por parte da autarquia”, acusa Daniela Guimarães.

A moradora já fez uma exposição ao ministério do Ambiente e várias denúncias à Câmara de Guimarães, mas a situação mantém-se. “Os serviços da Câmara de Guimarães foram notificados da situação, tendo prontamente alocado recursos para investigar e, subsequentemente, resolver o problema. Verificou-se a ocorrência de alguns incidentes em alguns locais que ainda estão a ser avaliados”, explica o município, liderado por Domingos Bragança (PS), em resposta enviada à Lusa.

A autarquia diz que “tem vindo a responder aos cidadãos que reportaram, informando que a situação está a ser analisada por empresa especializada para o efeito, sendo que nos últimos dias já não tem existido reportes de situações anormais”.

Segundo a câmara, a espécie encontrada em Guimarães não é idêntica às espécies identificadas em França, que levaram, inclusivamente, ao encerramento de várias escolas. Daniela Guimarães conta que após uma das suas denúncias, os serviços camarários procederam ao corte de arbustos e ervas daninhas da berma junto ao prédio onde reside, os quais, refere a moradora, foram deixados no local, sem a recolha de entulho ou alvo de qualquer desinfeção.

“Os insetos continuam a voar para o prédio (paredes e janelas) às dezenas, para não dizer centenas. As árvores de grande porte sem qualquer tratamento ou poda há vários anos estarão, porventura, a alimentar esta praga, além das ervas entretanto cortadas e não recolhidas”, ressalva a moradora.

A Lusa questionou o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) sobre o assunto, o qual respondeu tratar-se “de matéria de saúde pública e controlo de pragas”, sublinhando que o mesmo “se encontra fora das competências e atribuições do ICNF”.

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) diz, por seu lado, que “acompanha a questão ‘percevejo asiático’, assim como todas as matérias relativas à segurança alimentar e vegetal e respetivos impactos na vida humana”. “No caso em concreto: embora não se trate de uma praga de quarentena, não estando sujeita a medidas de controlo oficiais, a DGAV, ainda assim, implementou um programa nacional de prospeção nas áreas de cultivo e cuja execução é assegurada pelos vários serviços regionais de agricultura e pescas. No seguimento deste, não têm sido observados exemplares desta praga em campos de cultivo”, refere a DGAV.

A DGAV esclarece ainda que, nos casos reportados em habitações, “será competência da Direção Geral da Saúde (DGS), importando identificar corretamente qual o percevejo em causa”.

A Lusa contactou a DGS, aguardando ainda uma resposta.

À Lusa chegaram ainda relatos de moradores na cidade vizinha de Braga a dar conta de que também estão a ser afetados pela praga de percevejos asiáticos. Em resposta enviada à Lusa, o município confirma a receção de várias denúncias efetuadas nos últimos dias. “Não sendo uma situação de Proteção Civil, encaminhamos essa denúncias, no dia 02 de outubro, também por email para a Direção Geral de Alimentação e Veterinária e para o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas [ICNF], a solicitar informação adicional no âmbito das suas competências, estando neste momento a aguardar uma resposta destas entidades”, adianta a Câmara de Braga.