“Se a ASAE fosse a Bruxelas, encerrava os restaurantes todos e as casas de banho eram todas chumbadas…”

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Na entrevista que o semanário “Alto Minho” publica na edição desta semana, José Manuel Fernandes admite que existe um paradoxo nas eleições europeias, que se revela nas elevadas taxas de abstenção registadas em Portugal. “Dizemos que somos dos mais europeistas, mas depois somos dos que menos votam nas eleições europeias”, constata, considerando, no entanto, que a União Europeia “tem as costas largas” no que toca a justificações políticas nacionais para se avançar ou não com determinada medida. “A ASAE se fosse a Bruxelas encerrava os restaurantes todos e poucos hotéis ficavam abertos. As casas de banho que existem em qualquer restaurante de Bruxelas eram todas chumbadas. Em Portugal, temos legislação de rico e depois a culpa é de Bruxelas… dá jeito dizer isso”, ironizou o parlamentar europeu, defensor de uma maior coordenação europeia em várias áreas.

“Se houvesse uma política europeia florestal, tenho a certeza de que estávamos melhor, mas essa é uma competência nacional; na saúde, se houvesse uma política europeia mais forte, também estaríamos melhor”, exemplificou. “Há bloqueios que são inaceitáveis. Para nós é essencial que a energia eólica e renovável que produzimos possa entrar na UE e não seja bloqueada nos Pirinéus pelo senhor Macron. A união ferroviária é essencial e ainda andamos a falar em bitola ibérica quando a UE já disse que em 2030 tem de ser tudo bitola europeia, mas a Espanha está interessada em que haja um transbordo, por isso, a UE tinha que ter competências neste tipo de ligação”, advogou, dando ainda o exemplo da Protecção Civil: “Fica muito mais barato ter 27 aviões canadair num sítio óptimo, a actuar em conjunto, do que ter um avião em cada estado-membro, ou seja, com menos recursos, pode fazer-se mais e ser mais eficaz.” “E na Defesa é ainda pior! Se somarmos o orçamento militar dos 27 estados-membros é mais do triplo do orçamento militar da Rússia, mas depois toda a gente quer a sua metralhadora, o seu carro de combate ou avião a jacto”, acrescentou, insistindo que a UE podia ser mais eficaz, gastando menos dinheiro. 

Por outro lado, frisa que “Portugal é dos estados membros que mais depende do Orçamento Europeu para fazer investimento público”. “Isso é mau, porque um dia destes, o Orçamento de Estado é só para a despesa corrente. E isso ainda aumenta mais o paradoxo: somos dos países que mais beneficia da União Europeia, temos bons eurodeputados, e falo de todos os grupos políticos, fazemos um bom trabalho, as pessoas gostam da UE e consideram que é importante nas suas vidas e depois não vão votar… não sei como se inverte isso. O que posso fazer mais?”, questiona-se. 

Leia a entrevista completa na edição desta semana do “Alto Minho”