Sobreiro “sagrado” do Sistelo é candidato a árvore do ano

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Um sobreiro com 438 anos, no lugar da Quebrada, em Sistelo-Arcos de Valdevez, é uma das árvores do ano para 2024.  Árvores com histórias, algumas de quase quatro mil anos, uma imagem de marca de uma freguesia, outra local de reunião de pescadores, outra com ligação a tradições fúnebres compõem a lista da árvore do ano para 2024.

São 10 árvores de todo o país, que entram nas duas semanas finais de votação, com a vencedora a representar Portugal na edição europeia do “Tree of the Year 2024”.

A iniciativa, da União da Floresta Mediterrânica (UNAC), leva a concurso um plátano, uma azinheira, uma camélia, um cedro, uma nogueira-do-japão, uma magnólia, duas oliveiras e dois sobreiros. A votação, ‘online’, começou a 30 de novembro e termina a 05 de janeiro.

É possível votar na Árvore Grande de Alijó (Vila Real), um plátano de 167 anos que faz parte da história local e está presente no brasão da freguesia, na azinheira de São Brás de Alportel (Faro), na camélia-japoneira de Braga, no cedro gigante de Vila Real ou na nogueira-do-japão que existe em Mafra, Lisboa, há 200 anos.

De Mangualde, Viseu, entra a “Magnólia do Palácio” e de Abrantes, Santarém, a “Oliveira do Mouchão”, de 3.350 anos. Diz-se que os pescadores se reuniam ali e depois iam para os pesqueiros.

Mais velha ainda a oliveira do Peso, em Pedrógão, Vidigueira (Beja), com 3.712 anos, é aquela que pode ser a mais antiga do país.

Muito mais novo, também em Mafra, o “Sobreiro do Rei”, do alto dos seus 385 anos assistiu à restauração da independência ainda pequeno, viu Lisboa tremer, as invasões francesas, e observou a construção do convento e a tapada. Foi classificado como árvore de interesse público em 2000.

O sobreiro do Lugar da Quebrada, Sistelo-Arcos de Valdevez, 438 anos, está ligado a uma lenda segundo a qual quando morria algum habitante da aldeia era-lhe cortado um pedaço para aquecer o forno onde seria cozido o pão que seria distribuído pelos vizinhos das terras próximas que iam velar o morto. Por esse lado sagrado não se lhe podia tirar a cortiça e o ramo cortado também não podia ser grande.

No atual concurso, segundo um comunicado da UNAC, foram recebidas 44 candidaturas, tenso sido selecionadas as 10 finalistas. Predominaram, segundo o documento, as árvores em espaço urbano.

“Não se pode proteger o que não se conhece, e as árvores nas cidades para além do valor paisagístico e ambiental que detêm, permitem também à sociedade em geral uma maior proximidade com aqueles que são os nossos ativos florestais basilares, refere a UNAC no comunicado.

O concurso Árvore Europeia do Ano realiza-se desde 2011. É uma iniciativa que todos os anos “consciencializa mais 200 mil pessoas com a natureza, promovendo o cuidado e a preocupação com 16 árvores, a unidade de 16 comunidades locais em torno de uma causa e ainda o orgulho de 16 países na sua herança natural”.

Na edição passada venceu a Polónia pelo 2.º ano consecutivo e novamente com um carvalho.

Portugal já ficou em primeiro lugar com um sobreiro, em 2018. Na última edição ficou no quinto lugar, com um eucalipto.

A UNAC representa os interesses dos produtores florestais do espaço mediterrânico português junto das instituições nacionais e europeias. A votação numa árvore favorita decorre na página https://portugal.treeoftheyear.eu/Vote. A árvore vencedora será conhecida a 10 de janeiro.