“Manda-se um mergulho, come-se um pastel de nata, bebe-se um porto…”
António Silva, 65 anos, conhecido por Mousinho, é o impulsionador do mergulho no rio Cávado, na Vila de Prado, no primeiro domingo de cada ano, que desde 2015 atrai cada vez mais participantes e é já uma tradição.
Em declarações à agência Lusa, Mousinho diz que pelas 11:15 de domingo espera cerca de 150 a 200 participantes e mais de duas mil pessoas a assistirem nas margens ao mergulho no Cávado, em Prado, no concelho de Vila Verde, distrito de Braga.
Natural de Matosinhos (Porto) e antigo jogador de futebol federado, Mousinho, nome que adotou “desde que é miúdo”, casou e reside em Prado há 42 anos, vila pela qual se apaixonou, muito por culpa do Cávado.
“Em 2014, comecei a nadar todos os dias, mesmo no inverno. Chegou o final do ano e disse para uns amigos: ‘amanhã vimos dar aqui um mergulho’. Isto no primeiro domingo do ano. E viemos dar um mergulho. Aparecemos meia dúzia. A partir daí comecei a fazer todos os anos, foi evoluindo e no domingo conto com 150 a 200 pessoas para mergulhar. A minha ideia é fazer um domingo de inverno num domingo de verão na praia [fluvial] do Faial”, explica Mousinho.
No domingo, o ritual vai repetir-se: as pessoas vão chegando à beira rio, alguns uma hora antes, juntam-se, preparam-se e “toca a mergulhar”.
“Isto é muito espontâneo. Não há inscrições nem nada. Após o mergulho, dá-se duas de treta, conversa-se, fala-se um pouco, come-se uma ‘natinha’, bebe-se um copinho ou dois de vinho do Porto, ou os que quiser, e depois cada um vai à sua vida”, relata o também assistente técnico na secretaria de uma escola de Prado.
Os pastéis de nata deste ano vão ser oferecidos por uma pastelaria da zona. A iniciativa tem também o apoio da junta de freguesia local.
Segundo Mousinho, no domingo estarão reunidas todas as condições para que, mais um ano, se concretize o mergulho no Cávado.
“No meio do rio, a água não passa da cintura. Espero pessoas desde os 6/7 anos até aos 75 anos. Dois ou três com 75 anos. Senhoras e senhores. Graúdos e miúdos. Da região e fora da região, há pessoal que vem mergulhar ou ver. Em 2022, tive um senhor de Leiria para dar um mergulho. Soube que havia e apareceu aqui para mergulhar”, revela Mousinho.
Com a centenária Ponte de Prado como pano de fundo, a tradição foi ganhando “raízes fortes na margem direita do Cávado”.
“Já se tornou numa tradição. Costumo dizer que ‘comigo ou sem migo’ isto vai acontecer sempre. As pessoas gostam, adoram e aderem a esta iniciativa”, refere, orgulhoso.
Mousinho diz que passa muito tempo junto ao Rio Cávado na Vila de Prado, acrescentando que nada “todos os fins de semana”. Nesta época do ano, a temperatura da água ronda os 10/12 graus.
“Já conheço o rio como a palma da minha mão. Há quem invente que o rio tem problemas. É lógico que temos de ter cuidado com as correntes, mas o rio é muito calmo. Pode nadar-se para cima e para baixo. Quem souber nadar, não tem problemas”, sublinha o sexagenário.