“A pretexto das alterações climáticas montaram uma farsa gigante”

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A porta-voz dos agricultores de Trás-os-Montes, Douro e Minho do Movimento Civil Agricultores de Portugal disse que a manifestação prevista para quinta-feira é a resposta ao autismo do Governo e das confederações pelos problemas do setor. “Tem havido um autismo por parte do Governo e das confederações. Era previsível que isto acontecesse porque os agricultores, de repente, viram que não estavam a ser representados, não estavam a ser ouvidos”, afirmou à agência Lusa Ana Rita Bivar.

Os agricultores portugueses manifestam-se a partir das 06:00 de quinta-feira com máquinas agrícolas nas estradas de várias zonas do país, reclamando “condições justas” e a “valorização da atividade”, foi anunciado. O denominado Movimento Civil Agricultores de Portugal apresenta-se como “um movimento civil espontâneo e apartidário que une agricultores e sociedade civil em defesa do setor primário”.

Ana Rita Bivar explicou que sendo um movimento “totalmente espontâneo”, é difícil apontar com precisão os locais onde vão decorrer os protestos. “Há muitos grupos que se estão a organizar individualmente e não temos conhecimento onde vão estar”, referiu.

“Nós já estávamos com a corda ao pescoço desde há muito anos, mas depois piorou muito com a pandemia de covid-19 e com guerra na Ucrânia e o aumento do cereal. Depois a seca, com o cereal a ser todo importado e chegar a preços incomportáveis. A ministra da Agricultura ignorou esse facto, ostensivamente. E as próprias confederações a ignoraram esse facto”, criticou.

Segundo Ana Rita Bivar, a falta de ajudas levou ao encerramento de explorações agrícolas, que continuam a fechar “porque as pessoas não estão a aguentar a despesa”.

Ana Rita Bivar adiantou que a Agenda 2030 da União Europeia (UE) é outras das preocupações do setor, por defender “uma agricultura regenerativa que tem uma data de medidas que esmagam o agricultor e que são tudo menos ambientalistas ou sustentáveis”.

“O que está a acontecer é uma farsa gigante que está a ser montada. Estão a dar a informação à sociedade civil completamente errada, sempre com o pretexto das alterações climáticas e o que se está a fazer é exatamente o contrário para resolver todos esses problemas”, sustentou.

Segundo Ana Rita Bivar, os agricultores estão “magoados” por verem que “as confederações agrícolas estão perfeitamente alinhadas com os políticos para cumprir a agenda europeia”. “Essa agenda traz problemas gravíssimos para os agricultores, para o ambiente, para as comunidades que vivem dependentes do trabalho na terra, mas também para toda a sociedade civil”, referiu.