“O Alto Minho vai recuperar população por que atrai cada vez mais jovens”

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José Maria Costa, ex-autarca de Viana do Castelo e actual secretário de Estado do Mar, faz um balanço “positivo” dos dois anos no Governo de António Costa, mas lamenta que o trabalho tenha sido interrompido pelas eleições legislativas antecipadas do próximo dia 10 de março. No entanto, está confiante na vitória dos socialistas, considerando que, no Alto Minho, os candidatos estão “à altura das aspirações” das populações da região. 

Apesar de reconhecer que foram dois anos “muito extenuantes do ponto de vista pessoal e do serviço público”, José Maria Costa considerou ter sido “um privilégio” trabalhar com o ministro da Economia e do Mar e “poder dar um contributo importante nas orientações” do programa do governo, lamentando que o ciclo tenha sido interrompido por estas eleições “quase intercalares”. “O mandato de quatro anos era uma oportunidade muito grande para o nosso país. Estávamos a crescer ao dobro da zona euro, numa estratégia de recuperação económica, e, pela primeira vez, tivemos em 2023 53 por cento do PIB das exportações, o que não acontecia há muitos anos. Havia uma estratégia de consolidação e reorientação para as exportações na economia portuguesa e, por isso, foi, de facto pena, haver esta interrupção”, notou o governante, que surge como número dois na lista de candidatos à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo, logo atrás da caminhense Marina Gonçalves, ministra da habitação. 

“É uma lista que assume continuidade, mas também a representatividade do distrito, relativamente às áreas representadas das diferentes concelhias. O PS procurou com esta lista, acima de tudo, bons representantes no parlamento”, vincando que essa pretensão assume ainda mais relevância depois da redução de seis para cinco deputados eleitos pelo Alto Minho. “E estou certo que quer com a Marina Gonçalves, com a experiência que tem de vários anos no parlamento, mas também com a experiência governativa muito intensa, quer comigo, com a experiência na Secretaria de Estado do Mar, e com os restantes  elementos da lista teremos uma boa representação e esperamos ter a confiança dos eleitores”, declarou José Maria Costa, que ainda não pensa se voltará, ou não, a integrar um próximo Governo. “O objectivo principal é ganhar as eleições e, acima de tudo, dizer que o único partido que, a nível nacional pode dar estabilidade e confiança aos portugueses é o Partido Socialista. É um partido da democracia, da liberdade, que também defende as instituições democráticas e, por isso, tem também enormes responsabilidades”, vincou, mostrando-se convicto na decisão dos eleitores. 

“Terão em conta votar no PS, que é uma garantia de confiança e estabilidade, que procura ter uma gestão de contas certas para que o nosso país tenha também uma respeitabilidade internacional, que possamos ter uma taxa das taxas de juro nos empréstimos com o exterior, mas, ao mesmo tempo, continuarmos a ser um país de enorme atracção de investimento estrangeiro, como estávamos a conseguir”, declarou, garantindo que os socialistas estão “a trabalhar” para carimbar a vitória no Alto Minho. 

“Tivemos a melhor vitória de sempre do PS no distrito nas últimas eleições e estou certo que com a competência e qualificação que esta lista, mas, acima de tudo, com o programa do Governo e com a linha de orientação temos um legado a defender. O PS tem uma lista à altura das aspirações dos alto-minhotos, com elementos que tem experiência governativa e parlamentar e que estão disponíveis para continuar a trabalhar pelo desenvolvimento do Alto Minho e ajudar que Portugal possa continuar num percurso de progresso e na melhoria da qualidade de vida das populações”, vincou, admitindo que, em caso de vitória, está disponível para assumir funções governativas. “São matérias que terão que ser vistas no momento próprio, mas, naturalmente, quando estamos disponíveis para apoiar e integrar as listas, se for esse o desejo do primeiro ministro, e se for do PS, naturalmente que estaremos sempre disponíveis para colaborar com o nosso país”, sustentou, lamentando que o Alto Minho tenha perdido um deputado. “Tem ver com as dinâmicas demográficas. O Alto Minho estava a fazer, nos últimos anos, um enorme progresso, está a crescer a cima da média da região Norte, está a captar investimento muito estrangeiro e havia uma estratégia muito clara para a captação e fixação da população, mas as dinâmicas são assim e nesta aferição não tingimos o número de pessoas. No entanto, estou certo que nos próximos anos iremos recuperar, atendendo ao trabalho que está a ser feito pelas autarquias e associações empresariais e empresas na fixação de mais pessoas na região, nomeadamente mais jovens”, salientou. 

Escusando-se a fazer comentários às listas dos adversários, José Maria Costa admitiu apenas ter ficado surpreendido com a mudança de Eduardo Teixeira para o Chega para encabeçar a lista de candidatos pelo distrito. “Estas reviravoltas momentâneas são sempre surpreendentes, mas estamos, de facto a viver tempos estranhos. Na vida pública e na política tem que haver princípios, mas não comento essas decisões, que são pessoais”, sustentou. 

Do seu trabalho de dois anos no Governo e na liderança da Secretaria de Estado do Mar, José Maria Costa faz um balanço “positivo”. “Foi uma experiência muito interessante, acima de tudo pela possibilidade de poder contribuir para que Portugal pudesse ter um conjunto de instrumentos e políticas públicas associadas não só à conservação dos oceanos, mas também à dinamização da economia do mar sustentável e, acima de tudo, de uma enorme área de actividade que vai ter uma grande repercussão no futuro”, vincou, enaltecendo o trabalho que foi feito. 

“Foi conseguido que Portugal tivesse uma liderança a nível internacional nos domínios do mar e isso foi conseguido através da realização da segunda Conferência dos Oceanos das Nações Unidas que decorreu em Lisboa e da participação de Portugal no High Level Panel for the oceans, uma organização internacional de 17 países em que Portugal tem uma presença e postura muito pro-activa”, resumiu o governante vianense, destacando, ainda, a organização e preparação de dossiers em várias áreas temáticas. “Constituiu-se uma task force para o mar, que reuniu oito grupo de trabalho. Pela primeira vez sentamos todas as pessoas ligadas ao sector do mar à volta da mesma mesa”, notou. 

Na região do Alto Minho, José Maria Costa destaca a constituição de uma zona livre tecnológica da energias renováveis oceânicas para Viana do Castelo, estando o regulamento para este projecto a ser finalizado. “Queremos potenciar para Portugal uma zona de testes de novos equipamentos para energias, que vai trazer mecanismos de investigação para Viana do Castelo e Portugal”, frisou, enaltecendo, ainda, o projecto para intervenção no Portinho de Vila Praia de Âncora, com o envolvimento da comunidade piscatória. “Estávamos, ainda, a preparar apoio e enquadramento para a constituição de um centro internacional de tecnologias oceânicas no campus Escola Superior de tecnologia e gestão do IPVC”, acrescentou.  

Classificar 30 por centro das áreas marinhas protegidas até 2030 e o reforço das energias renováveis oceânicas foram algumas das premissas da sua actuação, num trabalho que envolveu diversos ministérios e a preparação de uma fileira industrial associada às energias renováveis com “grande envolvimento” da indústria portuguesa. O governante de Viana do Castelo acredita que estes dossiers serão transferidos para o próximo Governo.

“Este era um projecto para quatro anos e há, naturalmente, alguns dossiers que, fruto da sua enorme importância estratégica para o pais, irão continuar”, assegurou, admitindo, ainda assim, que o próximo Governo poderá fazer “alguma reorientação”. “Quando falamos de energias renováveis oceânicas falamos de investimento na ordem dos 40 mil milhões de euros e da criação de mais de 20 mil postos de trabalho. Esse é um trabalho importante que fica para o futuro e estou certo que, seja qual for o Governo, a linha de descarbonização do nosso país terá que ser continuada e a linha estratégica energética também. Poderá haver nuances, mas estes objectivos terão, naturalmente, alguma sequência”, declarou.