“Inverno demográfico” e falta de transportes merecem nota negativa do IPCA
A mobilidade dos alunos continua a ser um dos grandes problemas que o Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA) enfrenta e que tenta colmatar a expensas próprias para garantir a ligação entre alguns dos seus cinco polos. Com obras de 20 milhões em curso no campus de Barcelos, que prometem dar um novo impulso ao IPCA, a presidente da instituição aponta como prioridade futura a formação de adultos.
Único politécnico do país que não tem nome de capital de distrito, o IPCA começou com 74 alunos, no ano letivo 1996/97. Actualmente, já conta com 7300 estudantes inscritos nos vários ciclos de estudos oferecidos, espalhados pelas suas seis escolas: Escola Superior de Gestão, Escola Superior de Tecnologia, Escola Superior de Design, Escola Superior de Hotelaria e Turismo, Escola Técnica Superior Profissional e Escola Superior de Desporto, Bem Estar e Sistemas Biomédicos. Com 11 hectares, o campus IPCA, em Barcelos, é o epicentro do conhecimento, da investigação e inovação, por onde passam cerca de 5000 estudantes diariamente. Os restantes estão espalhados pelos concelhos de Braga, Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Esposende e Vila Verde.
Garantir a mobilidade dos alunos entre os pólos tem sido uma dor de cabeça para o IPCA, que há mais de 20 anos batalha pela sua resolução. “O mobilidade entre concelhos é um drama nesta região, sobretudo, quando temos alunos deslocalizados. Um aluno de Barcelos que queira fazer o curso de Design, de curta duração, que esteja a ser dado no AvePark, em Guimarães, enfrenta muitas dificuldades para chegar lá. Tem de ir de carro próprio ou então tem de apanhar autocarro para Braga, dali apanha outro para as Taipas e depois tem de arranjar uma carreira que vá para o AvePark”, explicitou a presidente do IPCA, Maria José Fernandes. “Um aluno de Amares que estuda em Barcelos, apanha um autocarro para Braga e depois outro para aqui. E se for no período nocturno? Não tem sequer resposta”, alertou, notando que o IPCA funciona das 8 às 23 horas.
Para ajudar a resolver parte dos problemas de mobilidade, o IPCA tem transportes contratualizados próprios que permitem aos alunos fazer, a preços mais baixos, as viagens entre Braga e o AvePark e entre Barcelos e Esposende. “Como o pólo de Vila Verde fica mesmo na entrada da vila, logo a seguir à ponte do Bico, o autocarro faz um desvio e deixa os alunos”, acrescentou a presidente, lembrando que a circulação de autocarros entre Braga e o Campus do IPCA, que agora existe e dá resposta às necessidades, começou por causa da mobilidade dos alunos do IPCA. “Começou por ser uma carreira nossa, mas, com o movimento que tem, justificou a criação de uma carreira pública”, confirmou.
O IPCA tem pouco mais de 100 professores de carreira e quase 500 professores convidados. E do universo superior a 7000 alunos, há 2100 que são bolseiros. Recentemente, o IPCA inaugurou uma residência para estudantes no campus de Barcelos com capacidade para 64 camas e, em 2025, espera ter a outra, com 132 camas, em funcionamento. Maria José Fernandes acredita que, com estas duas residências, vai ser possível dar resposta às necessidades de alojamento dos cerca de 200 alunos deslocados, que frequentam o IPCA.
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