“Compromisso do anterior Governo na ligação de alta velocidade à Galiza mantém-se”

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O ministro das Infraestruturas assegurou, após um breve encontro com o presidente do governo regional da Galiza, que o executivo mantém o compromisso da ligação ferroviária em alta velocidade entre Lisboa e Vigo, bem como a Madrid.

De acordo com o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, ficou claro numa reunião de trabalho com “o governo da Junta da Galiza” a garantia de que “a prioridade que existia” do anterior Governo, de ligação em alta velocidade Lisboa-Vigo, “mantém-se”, e que tal como o executivo anunciou há dias somará a esse investimento a necessidade de começar “a ligação Lisboa-Madrid”.

“Essa prioridade está absolutamente clara para o Governo português […], que são as duas horas que preferencialmente irão ligar Lisboa a Vigo e, mais tarde, Lisboa-Madrid em três horas e, portanto, a Península Ibérica será com certeza um espaço mais coeso, mais próximo”, afirmou Pinto Luz.

O governante português falava no Ministério das Infraestruturas e Habitação, em Lisboa, após um breve encontro com Alfonso Rueda, presidente da Junta da Galiza (ou Xunta de Galicia, em galego).

“Mas, aqui uma menção especial para a Galiza, uma relação especial de facto, que o país tem com esta fronteira muito mais permeável a Norte”, frisou.

O ministro salientou que as parcerias público-privadas (PPP) para a ligação em alta velocidade do lado português “estão calendarizadas”, desde o anterior Governo que “já estavam sinalizadas”, e o atual executivo (PSD/CDS-PP) liderado por Luís Montenegro reafirma “esse compromisso”, assumindo que tem que haver “esse caráter simbiótico dos dois lados”.

“Temos condições para garantir que os dois lados estarão alinhados em prazos para não termos pronta a obra de um lado da fronteira e depois não temos pronta do outro lado e, portanto, tanto em Lisboa-Madrid, como Lisboa-Vigo estão os calendários absolutamente ligados”, assegurou Miguel Pinto Luz, notando que “são projetos para gerações”.

Sobre a bitola ferroviária adotada na ligação de alta velocidade, o ministro assumiu que o Governo está tranquilo e que “Portugal e Espanha estão alinhados”.

“Estamos a fazer em bitola ibérica […], portanto, Espanha tem a obra a decorrer em bitola ibérica e Portugal fará na mesma bitola que Espanha”, respondeu Pinto Luz, acrescentando que os dois governos estão “absolutamente interligados na decisão e a seu tempo, toda a infraestrutura está a ser preparada para poder haver uma migração no tempo certo e isso está a ser negociado com a Comissão Europeia”.

Questionado acerca de eventuais melhorias na atual ligação ferroviária entre as duas capitais ibéricas, o governante frisou que “Lisboa-Madrid é um projeto faseado” e o TGV só estará operacional em 2034, mas até lá prometeu “melhorar toda a oferta de serviços”.

“Teremos uma ligação cada vez melhor ao longo desta década para permitir essa ligação Lisboa-Madrid, portanto, não será só em 2034 que […] poderemos ir com qualidade entre Lisboa e Madrid, em 2034 poderemos ir mais rápido”, salientou Pinto Luz, sem avançar pormenores dos investimentos, mas garantindo que até lá se terá a “melhoria desse serviço” e que esse “é um processo gradativo e absolutamente fundamental”.

O presidente da Xunta de Galicia explicou que o encontro serviu para “conhecer em primeira mão com o responsável pelas Infraestruturas do Governo português” as “perspetivas em relação à execução de uma infraestrutura” que, para Portugal e certamente para a Galiza, “é absolutamente fundamental”, a ligação ferroviária de alta velocidade entre a Galiza e o Norte de Portugal.

Perante o anúncio do Governo português de executar a ligação entre Lisboa e Madrid, sobre a qual a Galiza “não tem absolutamente nada a objetar”, Alfonso Rueda Valenzuela quis saber se poderia haver “um atraso, um adiamento da execução da infraestrutura que para a Galiza” é “absolutamente fundamental”.

Isto porque, sublinhou, a “Euro região Galiza-Norte de Portugal” é “de longe o território transfronteiriço entre Espanha e Portugal onde se realizam a maior parte dos intercâmbios de todo o tipo, de natureza económica, a circulação de trabalhadores”, e tudo o que “envolve uma relação muito fluida desde há muitos anos entre a Galiza e o Norte de Portugal”.

“Saio desta reunião muito calmo, muito satisfeito. O ministro confirmou-nos que o Governo português mantém a sua intenção de implementar esta infraestrutura, incluindo prazos muito específicos”, admitiu Alfonso Rueda, considerando, no entanto, que “cada mês que passa é essencial” para a data apontada pelo Governo português para chegar à

CCDR-N confiante na conclusão do projeto de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo

O presidente da Comissão de Coordenação Regional e Desenvolvimento (CCDR) do Norte, António Cunha, revelou à Lusa estar confiante e moderadamente otimista sobre a conclusão do projeto de ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo em 2032.

António Cunha falava após ter participado na reunião entre o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, e o Presidente da Xunta de Galicia, Alfonso Rueda, que decorreu em Lisboa e de onde retirou resultados positivos, disse.

“No contexto dos novos investimentos anunciados pelo Governo foi reiterada pelo ministro Pinto Luz a prioridade do investimento da ligação Lisboa-Porto-Vigo e isso é algo que nos deixa mais sossegados”, acrescentou o dirigente da CCDR-N.

E prosseguiu: “o importante é que [sobre] estes dois processos, que são muito importantes para Portugal – quer na ligação entre Lisboa e Madrid quer a ligação entre Lisboa, Porto e Vigo, sendo que para o Norte e Galiza a segunda é absolutamente estrutural – foi dito e anunciado pelo Governo que continua a ser uma prioridade, que foram reafirmadas as datas para a sua execução e que estão a ser feitos os desenvolvimentos do lado português e espanhol”.

Sobre o projeto Lisboa-Porto-Vigo, apontado para estar pronto em 2032, António Cunha lembrou que o lado português “exige mais investimento, pois [enquanto] do lado galego é apenas a ligação entre Vigo e a fronteira”, o lado português implica “a ligação entre o Porto, aeroporto Sá Carneiro, Braga e Valença, uma distância maior, [tal como] o esforço financeiro”.

A ligação Lisboa-Vigo irá completar-se em cerca de duas horas, concretizando o objetivo da União Europeia para a mobilidade inteligente e sustentável que visa duplicar o tráfego ferroviário de passageiros de alta velocidade.

Questionado se os valores com que o Governo está a trabalhar são os “sete ou oito milhões e euros de investimento previstos pelo anterior executivo”, o líder nortenho revelou: “o que é conhecido e foi reiterado é que vão entrar em fase de contratação dos projetos de engenharia finais para estas ligações. Só com base nisso haverá os valores finais e poderão ser corrigidos. É evidente que podem ser corrigidos”.

“Foi muito importante ver a determinação com que o Governo anuncia estes projetos e, portanto, isso dá-nos uma confiança muito grande e, tal como foi dito pelo ministro Pinto Luz, é um projeto que tem um grande consenso nacional. É um projeto para quase uma década, estamos a falar de algo a oito anos de distância (…) mas que tendo um grande consenso político nos deixa confiantes”, continuou António Cunha.

Todavia, para o responsável, o “otimismo, aqui, é sempre moderado porque são projetos extremamente ambiciosos e difíceis e haverá imensas dificuldades pelo caminho”.

A ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), para depois de 2030, terá estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).

No total, segundo o anterior Governo, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.

fronteira com Espanha.