Memorial e rua de Rio Mau perpetuam legado do padre Agostinho
Dezenas de pessoas juntaram-se hoje numa cerimónia pública em Rio Mau, no concelho de Vila Verde, para “perpetuar a memória e o reconhecimento” do padre Manuel Agostinho da Silva, sublinhando as marcas uma vida dedicada às gentes da Ribeira do Neiva e à comunidade paroquial.
Numa cerimónia marcada pela inauguração de um memorial e pela atribuição do nome do padre Agostinho à rua requalificada que liga a igreja paroquial ao cemitério, a presidente da Câmara Municipal de Vila Verde, Júlia Rodrigues Fernandes, sublinhou o legado de professor e líder espiritual e social.
“As sementes que o padre Agostinho foi lançando, que continuam a dar frutos e a marcar a vida da comunidade local, contribuíram para esta conjugação de esforços e mobilização de diferentes pessoas e instituições, de forma a perpetuar a sua memória e também levar avante um conjunto de obras que dignificam a freguesia e a memória de quem muito deu de si a estas gentes”, afirmou Júlia Rodrigues Fernandes.
Um testemunho sobre o trabalho social do padre Agostinho como professor na telescola de Duas de Igrejas foi deixado pelo presidente da Junta da União de Freguesias da Ribeira do Neiva, José Azevedo, destacando o impulso dado naquelas freguesias para “o conhecimento, a educação e a ética”, sempre numa postura de “conselheiro, educador e amigo”.
Armandina Silva, sobrinha do sacerdote e uma das impulsionadoras da homenagem, agradeceu a todos os que colaboraram, incentivaram e tornaram possível a homenagem em Rio Mau, terra que o padre Agostinho serviu durante 45 anos e que “escolheu ficar para sempre”.
Nas cerimónias participaram o Vigário para o Clero da Arquidiocese de Braga, cónego Vítor Novais, o arcipreste e atual pároco de Rio Mau, padre Sandro Vasconcelos, acompanhados ainda pelos demais responsáveis das paróquias da Ribeira do Neiva.
O cónego Vítor Novais deu conta da “profunda alegria e gratidão” pelo reconhecimento do trabalho da Igreja e das suas comunidades. Padre Sandro Vasconcelos enalteceu ainda a manifestação de um povo com memória, como “garante e compromisso um futuro assente nos valores do Evangelho”.
Além da placa toponímica e do memorial, o programa de homenagem ao padre Agostinho incluiu ainda a apresentação de uma exposição fotográfica sobre a sua vida e obra, assim como a publicação do livro ‘Respigos’ – onde se inserem escritos e registos do sacerdote sobre as gentes e as terras da Ribeira do Neiva.
Padre Manuel Agostinho da Silva, natural de S. Martinho de Sande, Guimarães, nasceu a 23 de maio de 1924. Foi ordenado sacerdote a 21 de dezembro de 1946, no Seminário de Braga.
Em 8 de Março de 1947 foi nomeado pároco de Carreiras e Portela no arciprestado de Vila Verde. Dez anos depois foi nomeado pároco de Torre e Portela, no arciprestado de Amares, embora alguns dias depois tenha sido nomeado para a freguesia de Rio Mau, no arciprestado de Vila Verde, uma vez que o lugar ficou vacante. Acumulou por duas vezes a paróquia de Goães, como administrador, e a de Azões, como pároco, de 1991 a 1994.
Durante muitos anos lecionou na Telescola de Duas Igrejas, destacando-se pela sua afabilidade e gosto pela Matemática que facilmente incutia nos alunos.
Curioso, inteligente e observador, pesquisava com minúcia manuscritos antigos e ouvia atentamente as histórias das coisas e das gentes que ia registando em apontamentos dispersos, por vezes publicados em jornais da região sobre o pseudónimo de MAGOS.
Em dezembro de 1999 foi substituído, por motivos de saúde, e faleceu a 21 de maio de 2001.