“O Iúri já provou que é o melhor do Mundo”

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Os elementos da seleção portuguesa de ciclismo de pista que ajudaram à caminhada de apuramento para Paris2024 vão estar a ‘torcer por fora’ por Iúri Leitão, Rui Oliveira e Maria Martins.

No pelotão da 85.ª Volta a Portugal, encontram-se vários dos ciclistas que têm dado cartas no ciclismo de pista, tendo inclusivamente ajudado à qualificação, inédita no masculino, para o omnium, em que Iúri Leitão é campeão do mundo, e no madison, com Rui Oliveira.

“Vai ser especial. Fiz parte desta caminhada desde há muito tempo e felizmente conseguimos o apuramento masculino. Sempre fiz parte, estava nos pré-selecionados. Estou contente por quem foi, nunca vou deixar de apoiar. São grandes amigos, além de companheiros de seleção”, resume João Matias (Tavfer-Ovos Matinados-Mortágua), em entrevista à Lusa.

O ciclista minhoto de 33 anos tem um grande currículo internacional na pista, com uma prata nos Europeus de 2021, na eliminação, como principal destaque, além do sexto lugar, na mesma disciplina, nos Mundiais de 2022, precisamente no Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines.

É nessas tábuas que Portugal volta aos Jogos Olímpicos, depois do sétimo lugar, e consequente diploma, de Maria Martins em Tóquio2020, na estreia absoluta na pista.

“Será histórico e emocionante, já assim foi em Tóquio2020 com a Maria Martins. Foi muito especial ver em casa, e com a equipa masculina ainda mais vai ser. Já estive lá nos Mundiais, mas também nos Europeus de 2016, em que fui quinto na eliminação, um resultado muito especial que me deu a oportunidade de subir a profissional outra vez”, recorda Matias.

O pelotão conta ainda com Diogo Narciso, que também somou pontos nos anos de qualificação para estes Jogos, assim como outro jovem talento da Credibom-LA Alumínios-MarcosCar, Rodrigo Caixas, campeão europeu sub-23 de scratch em 2021 e outro membro da seleção.

“Gostava que o Iúri e o Rui tivessem o melhor resultado possível. O Iúri já provou que é o melhor do mundo na pista e espero que tenha um resultado muito bom, talvez surpreender com a medalha de ouro”, afirma o jovem.

Para Rodrigo Caixas, aquele palco é “onde todos gostariam de estar”, mas “eles merecem” ter sido convocados. Além disso, afirma, esta participação aumenta a motivação para Los Angeles2028.

Para o mesmo trabalha João Martins (Rádio Popular-Paredes-Boavista), que em 2023 se estreou em Europeus sub-23 e procura um lugar numa seleção que se assemelha a uma família.

“São atletas com muita experiência na pista. É sempre muito bom ouvir as dicas deles e para mim, que sou mais jovem, é importante aprender com eles, às vezes competir com eles”. resume.

Ninguém sabe melhor o que é integrar aquele ambiente do que João Matias, afinal a contribuir para o ranking nacional, num projeto iniciado em 2010 pelo selecionador, Gabriel Mendes, ancorado na então recente inauguração do Velódromo Nacional, em Sangalhos.

Desde então, e começando pelos irmãos Rui Oliveira e Ivo Oliveira, com inúmeras medalhas em Europeus e Mundiais, passando por ‘Tata’ Martins, a pioneira olímpica, por João Matias e por Iúri Leitão, entre outros nomes como Daniela Campos, que vai aos Jogos mas para competir na vertente de estrada, o ciclismo de pista tem vivido um período de crescimento sustentado, alicerçado num grupo de ciclistas que trabalham em uníssono entre si e o selecionador.

Uma garantia que o sprinter da formação de Mortágua deixa é que a participação portuguesa, a começar pelo omnium de Iúri Leitão na próxima quinta-feira, vai ser vivida como “um momento de tensão e de muita alegria”.

“Nem sei dizer. Sei que vou ligar a televisão e ter pele de galinha, o coração apertado. Vou dizer palavrões em frente à televisão, já me conheço”, afirma, bem humorado.

De resto, o mais experiente deixa um aviso para o futuro, uma vez que além de poder atrair mais jovens talentos para a pista, o “mais importante são os apoios”.

“Temos um selecionador que faz muito trabalho, nas camadas jovens ou nas elites, e fá-lo sozinho. O que faz falta é mão-de-obra e dinheiro para trabalhar. O que nos faz falta é termos esse apoio para tentarmos, no futuro, uma qualificação olímpica na perseguição por equipas, por exemplo. Isso implica muito investimento. Se aparecer, aparecem também os atletas”, comenta.

Para João Matias, mais recursos permite “mais atletas na seleção, em estágios ou corridas”, e mais resultados de relevo. “A bola de neve cresce se houver neve para se lhe juntar”, atira.

O ciclismo de pista nacional entra em prova na quinta-feira, com a disputa do omnium por Iuri Leitão, que volta a competir no dia 10, véspera de Maria Martins encerrar a participação lusa em Paris2024.