“Armando Marinho foi para as cantigas como a Amália foi para o fado”

0
482

A Romaria de S. Bartolomeu de Ponte da Barca homenageou Armando Marinho, emblemático cantador ao desafio, que faleceu, este ano, aos 78 anos. No dia dedicado aos cantares ao desafio, o artista barquense foi considerado o “rei das cantigas populares” e um “Cristiano Ronaldo” das desgarradas, que deixou um legado inesquecível.

O espetáculo dos cantares ao desafio juntou Maria Celeste, Anjinho, Adília, Carlos Ribeiro, Cristiana Sá, Borguinha, Valter São Martinho, João Oliveira, Carminha e Daniel Fernandes, que, na primeira parte, cantaram à desgarrada versos sobre Armando Marinho. “Só tenho pena, Marinho, de não cantar contigo duas cantigas”, “Brilhou uma estrela no céu que hoje ilumina o Minho”, “Para o grande Armando Marinho, esse que será para sempre o melhor gargantador do Minho”, “Eu até me senti tão mal porque recordava o Marinho à porta do Café Central” e “Sempre será respeitado e jamais será esquecido”, foram algumas das frases dirigidas ao cantador barquense.

As filhas de Armando Marinho subiram ao palco durante a homenagem e agradeceram o gesto. “Foi uma demonstração muito grande de carinho pelo meu pai e pelos cantares ao desafio. Ver a praça cheia significou que as pessoas reconhecem o legado dele”, considerou Ana Rodrigues, de 60 anos, contando que ficava orgulhosa ao ver o pai em cima do palco. “O meu pai tinha a capacidade de pôr as pessoas a sorrir e a rir à gargalhada”, descreveu, confessando que não ficou com boa impressão no primeiro espetáculo que assistiu. “Cheguei a casa e disse à minha mãe: “O paizinho diz tantos palavrões. Credo, que vergonha!”  Porém, as pessoas riam tanto que eu também passei a gostar”, assumiu a professora, dizendo que não puxou esse lado do pai. “Na Batalha, um dos meus alunos perguntou-me se eu tinha a certeza que era do Norte porque não dizia palavrões. Não estava à espera disso”, riu-se. Ana Rodrigues confessou que “não foi fácil ser filha de Armando Marinho” por causa da exposição mediática. “O meu pai tinha uma forma de ser muito peculiar, era muito divertido e muito assediado, sobretudo pela parte feminina. Isso causou algum desconforto, mas nada que não tivéssemos superado”, confidenciou.