Vila Verde mostra que, na protecção de crianças, “as margens também são estrada”
Cerca de 250 profissionais ligados à investigação e à intervenção na área da infância e juventude estão a participar no 4º Congresso Intermunicipal sobre Proteção de Crianças e Jovens, que decorre em Vila Verde. Sob o lema “As margens também são estrada”, a iniciativa juntou ainda responsáveis da área social de Barcelos, Esposende e Famalicão.
Na abertura dos trabalhos na Adega Cultural de Vila Verde, a presidente da Câmara, Júlia Rodrigues Fernandes, salientou o impacto do congresso, fazendo especial referência à “necessidade permanente de acompanhar a evolução cada vez mais acelerada da realidade social e responder aos desafios da atualidade”.
“Esta é uma oportunidade para ficarmos mais fortes e enriquecidos, com informação e ferramentas que serão muito importantes para o trabalho do dia-a-dia com as nossas crianças e os nossos jovens”, apontou Júlia Rodrigues Fernandes.
A autarca salientou desafios como a multiculturalidade, a transição climática, a transição digital, a natalidade e a inteligência artificial, assim como as migrações. “Não são temas abstratos, mas sim questões concretas, que estão, por exemplo, nas nossas escolas, onde juntamos dezenas de nacionalidades diferentes”, enfatizou.
A par da excelência do painel de oradores e especialistas elencados para os dois dias de trabalho, a presidente da Câmara destacou a grande variedade de profissionais que envolve este congresso intermunicipal, desde as forças de segurança, à segurança social, saúde e ensino, sejam ligados à infância ou à juventude, de IPSS, escolas, estruturas municipais ou do Estado.
“É uma demonstração clara da importância do trabalho em rede para o sucesso desta missão de valorização social, e de que Vila Verde é um bom exemplo”, afirmou Júlia Rodrigues Fernandes, partilhando o reconhecimento do concelho pela UNICEF como “Amigo das Crianças”, além de ser membro das redes de municípios amigos da juventude e ‘cidade educadora’.
O Congresso Intermunicipal sobre Proteção de Crianças e Jovens junta profissionais de diferentes concelhos ligados à investigação e à intervenção com crianças e jovens em risco ou perigo, tais como magistrados e procuradores, técnicos de comissões de proteção de crianças e jovens.
O público-alvo abrange ainda equipas multidisciplinares de assessoria técnica dos tribunais, profissionais de saúde e educação, de centros de apoio familiar, aconselhamento parental e outros serviços de âmbito social.
Do programa de conferências fazem parte temas como a “inteligência artificial, cibersegurança e vulnerabilidade infantil”, cooperação organizacional para uma utilização mais segura da internet, “intervenção preventiva junto de crianças e jovens: o projeto Agarrados à Net”
A proteção da criança contra a violência sexual através de meios digitais, “a utilização da internet por adolescentes portugueses – padrões, riscos, oportunidades, competências” e implicações do uso excessivo de tecnologias no neurodesenvolvimento infantil são outras das questões a explorar.
O congresso aborda ainda os riscos psicossociais em profissionais das CPCJ, assim como a participação nos programas escolares pelos Direitos da Criança e Cidades Amigas das Crianças. Em cima da mesa estarão igualmente novas abordagens terapêuticas para a hiperatividade e défice de atenção, as comunidades imigrantes, a intervenção nas dependências, a educação escolar e os “(des)abraços da justiça”, a para da multidimensionalidade da pobreza e as implicações para a intervenção familiar.