Marta homenageou Prozelo com livro “tocante” sobre “pessoas com uma força incrível”

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Marta Alves apresentou o seu primeiro livro “Ó gentes da minha terra”, durante o Arcos Fado Fest. A obra reúne fotografias e informação sobre 21 pessoas de Prozelo e assume-se como uma homenagem da autora à população da freguesia, de onde também é natural.

“Este livro começou por amor à camisola, a partir da minha vontade de fotografar pessoas e tradições da minha terra. Comecei a partilhar as fotografias nas redes sociais e as pessoas adoraram e a partir daí surgiu a ideia de reunir essa informação num livro, combinando as fotografias com a história de vida dessas pessoas”, explicou a autora de 30 anos, que trabalha na área da comunicação. Foi a partir do testemunho da “senhora Lourdes”, que sempre lavou roupa no lavadouro, que a aventura de Marta começou. Seguiram-se várias fotografias e testemunhos de outras pessoas como a “senhora Melindrinha” que faz a broa à moda antiga, dos irmãos Sofia e Cristóvão que se dedicam à agricultura, a “dona Laidinha” que produz batatas ou a “tia Custódia dos rebuçados”, que, entretanto, faleceu. “Quando fotografei a tia Custódia, ela tinha Alzheimer e praticamente não se lembrava de nada, mas quando lhe apareceram os rebuçados à frente, quase veio uma lágrima ao olho, foi muito tocante”, contou Marta.

O livro inclui também desenhos, da autoria de José João, namorado de Marta, com poemas ligados ao fado. “Quando estava a editar as fotografias e a escrever, ouvia muito fado e por isso surgiu essa ligação a este festival”, justificou a autora, admitindo que fotografar e escrever sobre a sua avó foi dos momentos que mais a marcou. “A minha avó é Joaquina, mas toda a gente a trata por Quininha. Ela vai ser sempre especial, foi uma mulher que criou oito filhos quando o meu avó emigrou para França, é uma força da natureza”, descreveu Marta, acrescentando que também se emocionou ao ouvir relatos de infâncias dolorosas de gente que passou fome. Por isso, ficou “eternamente grata” às pessoas que entrevistou, que, além de informação, lhe deram produtos como batatas e farinha. “Estas pessoas passaram por muito e têm uma força incrível, são um exemplo para as novas gerações”, realçou.

Na apresentação do livro, o fadista Marco Rodrigues, que também tem raízes em Prozelo e conhece muitos dos protagonistas do livro e de quem guarda boas recordações, enalteceu o trabalho de Marta em ter fotografado exclusivamente “com detalhe e cuidado” essas pessoas. “Não somos nada se não soubermos de onde vimos”, disse.

O presidente da Junta de Prozelo considerou que o livro “é um serviço prestado à comunidade, valoriza as pessoas e os seus saberes”. O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez fez questão de identificar a autora do livro como “a Marta, da Rosinha, da Quinhinha” para demonstrar que “todos têm um passado que os agarra e serve para projectar o futuro”.