“Não serei presidente de outro concelho sem ser Famalicão”

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Homem forte e discreto do PSD, o minhoto Paulo Cunha está a conhecer os cantos da sua nova “casa” no Parlamento Europeu. A estrear-se como eurodeputado, com funções atribuídas nas áreas da indústria, energia, segurança interna e migrações, Paulo Cunha mantém-se ao leme da Distrital do PSD de Braga e está confiante nos resultados das próximas Autárquicas, com as candidaturas já “maduras” a Braga e Guimarães e a reeleição de Mário Constantino em Barcelos. Em conversa com o Jornal Alto Minho, na Praça Dona Maria II, cuja remodelação foi iniciada nos seus mandatos como presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Paulo Cunha, 53 anos, fez uma retrospectiva do seu percurso autárquico, que começou na Assembleia de Freguesia da sua terra, onde cresceu numa família de agricultores e aprendeu a lavrar terra, conciliando sempre o trabalho com os estudos. De jovem que leu “Os Maias” enquanto pastava animais, Paulo Cunha entrou no elevador social e formou-se em Direito, dando início a uma carreira política ascendente nos quadros do PSD.

Paulo Cunha cresceu em Gavião, freguesia central do concelho de Vila Nova de Famalicão, onde aprendeu a conduzir um tractor e ajudou o pai a lavrar campos durante a adolescência e juventude. “Os meus pais eram agricultores e tive uma infância muito ligada à agricultura. O meu pai fazia um conjunto de serviços para outros agricultores e, aos 18 anos, tirei a carta de tractor. Andei a trabalhar com ele, a lavrar terra, a tratar do centeio, das colheitas, a malhar o milho ou nas vindimas. Até aos 24 anos, quando terminei o curso, fazia tudo isso”, contou. Orgulhoso desse passado, Paulo Cunha, que é o mais velho de três irmãos, sempre conciliou os estudos em Direito com o trabalho no campo. “A prioridade era sempre os estudos, mas quando não havia nada para estudar, havia sempre trabalho”, reiterou o eurodeputado, que inicialmente se interessou pela sociologia, mas depois apaixonou-se pelo Direito. É advogado e professor na Universidade Lusíada, no Porto, e no IPCA, em Barcelos. “A minha infância foi sem grandes condições, mas não éramos pobres, longe disso, tivemos sempre o essencial, só não tivemos mais do que era essencial. Eu fui estudar, o meu irmão do meio não foi e o mais novo fez o curso de educação física. Na minha família, fui o primeiro a ter um curso superior, os meus pais não tinham, os meus tios não tinham e os primos não tinham. Tenho um carinho especial pelas pessoas que têm mais dificuldades porque sei como é essa realidade. Mas adorei a infância que tive e se tivesse de escolher queria ter a infância que tive, no meio do campo e dos animais”, afirmou Paulo Cunha, que leu “Os Maias” e outros livros obrigatórios da escola  enquanto pastava vacas no campo.