“É preciso um rigor muito grande das câmaras para um trabalho bem feito nos transportes públicos”

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A nova rede de autocarros Mobiave, que servirá os concelhos de Famalicão, Santo Tirso e Trofa, vai arrancar na terça-feira, mas terá viagens gratuitas experimentais a partir de sábado, e com informação em tempo real.

“Vai funcionar muito bem desde o início. A realidade da informação digitalizada e em tempo real é algo que nós chamamos de tecnológico, mas é um tecnológico que já tem alguns anos, não estamos a fazer nada que não seja aquilo que as pessoas esperam hoje em dia”, disse hoje aos jornalistas o presidente executivo da Transdev (operadora da Mobiave) para Portugal e Espanha, Sérgio Soares, após uma cerimónia de apresentação no núcleo do Museu Nacional Ferroviário de Lousado, em Famalicão, distrito de Braga.

Questionado sobre essa não ser uma realidade noutras partes do país, o responsável disse que em Portugal não tem sido tão fácil implementar tais funcionalidades “porque requer um rigor muito grande da parte de quem gere o território, neste caso das câmaras municipais, e dos operadores, para estarem capacitados para o fazer”. “Não se pode fazer a meio. É um trabalho completo. Quando é bem feito completamente, é bem feito, é para essas pessoas, e as pessoas vão reconhecer imediatamente esses benefícios”, considerou.

A Transdev anunciou também que “nos últimos três dias de março”, ou seja, de sábado a segunda-feira, as viagens serão gratuitas, de forma a permitir à população experimentar o serviço, que arranca definitivamente na terça-feira, 01 de abril.

A rede terá 90 linhas, 180 motoristas, 110 autocarros, mais de 2.700 paragens, bem como “um ‘website’ e uma aplicação móvel onde todos podem aceder a mapas interativos, aos percursos das linhas, à localização das paragens e à localização dos autocarros em tempo real, facilitando a consulta de horários e percursos disponíveis”.

Haverá tanto passes municipais (30 euros) como gerais (40 euros), bem como a “integração do sistema Andante na extensão das linhas partilhadas entre Trofa e Famalicão e entre Santo Tirso e Famalicão”.

O arranque da Mobiave implica que tanto na Área Metropolitana do Porto como na CIM do Ave existam duas redes de transportes: a Unir e a Ave Mobilidade, respetivamente, que também atuam na Trofa, Santo Tirso e Famalicão, embora com abrangências geográficas diferentes.

O presidente da AMP, Eduardo Vítor Rodrigues, já se manifestou preocupado com a proliferação de autoridades de transporte no território, como a Mobiave, defendendo uma unificação do setor na Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), que gere a rede Unir.

Os autarcas dos três municípios defenderam hoje a pertinência da criação da Mobiave, cuja operação foi concessionada à Transdev, durante sete anos, por 76,5 milhões de euros.

“Não havia nenhuma garantia, nem por parte da Área Metropolitana do Porto que, como é sabido, tem muitos problemas na sua rede que ainda não estão resolvidos, há muitos anos, e da própria CIM do Ave, que é uma rede um pouco minimalista”, considerou o presidente da Câmara de Famalicão, Mário Passos.

O autarca garantiu ainda que haverá “graus de liberdade grandes” para ajustar a rede, e que os municípios não vão ficar “presos à concessão” operada pela Transdev, revelando ainda que tentará fazer com que o Andante chegue a todo o concelho de Famalicão.

Já o presidente da Câmara da Trofa, António Azevedo, considerou que a Mobiave “nasceu porque a Unir, em termos de concelho da Trofa, não tinha linhas nalgumas zonas que eram muito importantes”.

Alberto Costa, presidente da Câmara de Santo Tirso, considerou que os sete anos de concessão “vão decidir” se o modelo da Mobiave é o adequado, aguardando para ver “como vai correr esta concessão” e “como vai correr a concessão da Unir”. O autarca disse concordar que “quanto maiores forem as concessões, quanto maior união houver em torno dos municípios, melhor”.