Há tantas “Broas com História”

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A freguesia da Gandra, em Valença, voltou a promover mais uma Feira dos Sabores do Minho, um certame que juntou vários produtores da região que não quiseram perder a oportunidade de promover os seus produtos, desde broa, fumeiro e até artesanato. Organizada pela União de Freguesias de Gandra e Taião e pela comissão fabriqueira, a iniciativa também pretende angariar dinheiro para obras na igreja de Gandra.
“É muito bom ter este evento na minha freguesia porque é uma forma de promover a cultura e os negócios. Como o meu projeto é recente, tenho poucos clientes e aproveito para promover”, afirmou Gonçalo Evangelista, jovem de 22 anos natural de Gandra que criou, há um ano, o projeto Evangelista Decor. “Fabrico peças em madeira, como  decoração de mesas, candeeiros, tábuas… Aprendi esta arte ao ver vídeos no Youtube e algumas carpintarias locais partilharam o seu conhecimento comigo”, contou.
Também natural de Valença, Jorge apresentou as Broas com História, disponíveis em 13 sabores, entre eles chocolate, chouriço e bacon, alheira, queijo, queijo azul e maçã, maçã e canela. “Na pandemia começamos com esta brincadeira e as pessoas gostaram. Participamos em feiras e também vendemos através das redes sociais. As nossas broas primam pela diferença”, frisou Jorge, de 44 anos, que confecciona as broas em casa. “São amassadas à moda antiga numa masseira de madeira. No mínimo, precisamos de três horas para aquecer o forno a lenha”, referiu, indicando que um doce dedicado a S. Teotónio também faz parte do repertório das Broas com História. “Baseei-me no doce S. Telmo de Tui. É servido numa tigela de barro e leva creme de pasteleiro com uma base de pão de ló, amêndoa tostada e um creme vegetal e também tem doce de lótus queimado”, descreveu o empresário de Verdoejo, que participa na Feira dos Sabores do Minho desde a primeira edição. “O ambiente e a festa que se vive aqui tornam este certame especial. Além disso, muitas pessoas procuram aqui os nossos produtos. Neste certame conseguimos defender os sabores do Minho e o que é tradicional”, vincou.
“É muito importante apostar-se neste tipo de feiras para manter a tradição mais viva porque muitos jovens já não levam isto a peito. Também é uma forma de escoar os nossos produtos e podemos promovê-los”, ressalvou, por sua vez, Sílvia Pereira, uma das gerentes da marca O Nosso Fumeiro, elogiando a diversidade de produtos expostos na Feira dos Sabores do Minho. “Participamos neste certame desde o início e a relação entre os organizadores e os participantes é excelente”, elogiou a comerciante de Paredes de Coura que criou a marca O Nosso Fumeiro com o seu marido em 2018, sem ter experiência na área. “Somos os dois licenciados em Gestão e fomos aliciados para criar uma empresa de fumeiro. Fomos buscar conhecimento a mães e avós dos nossos amigos”, partilhou, dizendo que a receita da alheira, o produto mais procurado, é da autoria da mãe de um amigo do casal. “Esta alheira não é mole como algumas. Corta-se e não se esfarrapa. Ao grelhar fica intacta”, assegurou Sílvia Pereira, de 53 anos.
Algumas das verbas recolhidas no certame vão servir para fazer obras na igreja de Gandra. “Ao longo do ano temos pequenas atividades e esta feira é a que consegue juntar mais receitas”, explicou o padre Ricardo Esteves, pároco na freguesia e presidente da comissão fabriqueira, indicando que no ano passado, com o dinheiro recolhido, foi possível substituir o telhado do edifício. “Agora queremos renovar a pintura exterior e interior da igreja”, antecipa Ricardo Esteves, que considera que a Feira dos Sabores do Minho também tem um papel importante na promoção da cultura. “Além disso, também é um ponto de encontro entre gerações”, sublinhou, mostrando-se agradado com a evolução do certame. “Este ano temos mais expositores e também adicionamos a carpa onde se vendem alguns produtos”, destacou, confessando que gosta de ser uma pessoa “dinâmica”. “Ser padre não é só levar gente para a igreja. É também congregar, em todo o tipo de espaço, as pessoas para promover o bem comum”, defendeu Ricardo Esteves.
“Esta feira não deve ser apenas um espaço de comércio, mas também um local onde se fortalece laços e incentivamos o comércio local. Cada expositor traz consigo não apenas um produto, mas também uma história e dedicação”, afirmou, por sua vez, Isidro de Sousa, presidente da União de Freguesias de Gandra e Taião, que defendeu que todas as freguesias do concelho deveriam ter eventos para dinamizar as localidades.
Já José Manuel Carpinteira, presidente da Câmara Municipal de Valença, realçou a importância do desenvolvimento do setor primário, destacando o trabalho que tem sido feito pela autarquia. “O Município desenvolveu um plano de desenvolvimento agrário para o concelho para sustentar uma aposta que queremos fazer na agricultura e na agropecuária. Pretendemos ajudar, de uma forma concreta, todos aqueles que querem trabalhar no setor porque é muito importante que haja viabilidade nas produções”, apontou o edil valenciano, que elogiou a aposta na Feira de Sabores do Minho. “Nós não fazemos uma feira por fazer. Nós queremos que as feiras sejam sustentáveis e que possam crescer. Nesta terceira edição estamos melhores do que na primeira e aqui todos trabalham para promover os nossos produtos e a economia”, reiterou José Manuel Carpinteira.
Além da venda de produtos, a Feira dos Sabores do Minho contou com concertos do grupo Kalhambeque, dj Pedro Pagodes, Charanga Cantos Somos, do grupo 6Tàs9, 7Saias e do dj Nyud, e com apresentações de ginástica e de dança.