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SC Vianense quer dar mais pedalada ao ciclismo feminino
O Sport Clube Vianense reativou em fevereiro a secção de ciclismo, em parceria com a Academia de Ciclismo do Alto Minho. O projeto, que engloba as vertentes de formação e de competição, é exclusivamente feminino e assim deverá continuar.
“A equipa é feminina porque há poucas meninas no ciclismo. De Lisboa para baixo, é fácil arranjar ciclistas. Mas de Lisboa para cima tem sido difícil. Há muitas equipas a irem buscar ao estrangeiro, mas eu acho que o ciclismo feminino nacional tem de crescer com ciclistas portuguesas”, explicou Luís Barbosa, presidente da Academia de Ciclismo do Alto Minho, que, em fevereiro deste ano, assinou uma parceria com o Sport Clube Vianense.
Do “casamento” entre as duas coletividades, nasceu uma secção com 16 atletas, que, entretanto, aumentou para 18. Dez em competição e as restantes, que são naturais de vários concelhos do Alto Minho, na formação.
“Na formação, quem aparecer, nós aceitamos. Na competição, queria ter mais duas ou três atletas, mas não é fácil, porque ou estão em clubes, ou não há. As meninas gostam de andar de bicicleta, mas competir é mais difícil, porque estudam, trabalham, e chegar ao fim do dia e treinarem duas ou três horas, não é fácil”, confessou Luís Barbosa.
Além disso, a nível nacional, só os homens é que vão conseguindo ganhar algum dinheiro com o ciclismo. “Para os homens, os clubes conseguem bicicletas de patrocinadores. Elas correm com bicicletas próprias. Ainda há pouco tempo tivemos uma prova em Albufeira e em Portimão, tivemos duas quedas, e uma atleta nossa partiu uma bicicleta de 25 mil euros. A bicicleta é dela. Não há seguros, não há nada. É por isso que ainda é um desporto para homens”, lamentou Luís Barbosa, que aos poucos vai batalhando para contrariar essa tendência.
A apoiar este projeto, a Academia de Ciclismo do Alto Minho – Sport Clube Vianense, que em breve vai ter equipamentos novos com o coração de Viana, tem “patrocinadores de empresas”, mas é junto dos Municípios que vai buscar a maior fatia. “Ponte da Barca, Melgaço e mais recentemente Viana do Castelo, devido à parceria com o Vianense”, revelou.
Dos 4 aos 53 anos
Natural de Monção, a atleta mais nova da secção é Maria Inês, de quatro anos, que ainda tem “algum medo” de andar de bicicleta porque lhe tiraram recentemente as rodinhas.
A mais velha é Rosa Marques, de 53 anos. Natural de Melgaço, é professora de História e no currículo soma várias conquistas. Foi campeã nacional de rampas, venceu a Taça de Portugal e é também vice-campeã nacional de fundo e vice-campeã nacional de contra-relógio.
“Já fui a alguns Mundiais e este ano vou ao Europeu, em França. Ao Mundial não vou, porque temos de ser nós a suportar os custos e é impossível, porque vai ser na Austrália. Seriam 7 mil euros. Não dá”, lamentou.
Rosa Marques confessou ainda que, além da escola e da História, o ciclismo, que pratica seis dias por semana, é também “uma paixão muito grande” e que é a pedalar que se sente bem.
“Ajuda a superar certas adversidades do ensino, principalmente agora em que os miúdos são mais difíceis de lidar, por causa das novas tecnologias. É um escape do dia-a-dia, mas sinto também uma gratidão muito grande e uma afinidade com estas miúdas. Gosto de lidar com elas, elas gostam de mim, e sinto-me lisonjeada por isso”, concluiu a ciclista mais experiente do grupo.
De recordar que o Sport Clube Vianense já festejou grandes feitos graças ao ciclismo. Entre eles, a conquista de Manuel Torres do Campeonato Nacional Junior de Perseguição, em 1961, e o histórico segundo lugar de Manuel Seixas na Volta a Portugal, em 1927.