“A primeira vez que vi a Romaria senti-me enamorada, como quando me apaixonei pelo meu marido”

0
333
Os rostos e a histórias de 40 pessoas que, ano após ano, dentro e fora, dão corpo e vida à Romaria da Senhora da d’Agonia vão estar em destaque na festa de 2021, que começa quinta-feira, em Viana do Castelo, com alguns momentos com público.
São testemunhos de quem faz os quadros mais emblemáticos da Romaria, que não se realizam em 2021 devido às regras sanitárias ainda em vigor, contados em vídeos inéditos produzidos ao longo dos últimos meses pela Comissão de Festas. “Cada um contando a sua vivência e a importância que a festa tem, individualmente. São pessoas que organizam, que participam, participaram ou simplesmente assistem, que nos contam a sua experiência, mas sobretudo o seu sentimento. Há pessoas que só vieram uma vez à Romaria e foi de tal forma marcante que todos os anos acompanham, pela internet”, explica António Cruz, presidente da Comissão de Festas.
Ao longo dos anos, a Romaria d’Agonia tem mostrado diferentes perspetivas das festas, como a preparação dos quadros, a história por trás de cada um e agora o sentimento de quem a faz, participa ou vive. Uma forma de levar a Romaria e os seus tradicionais momentos também aos que estão mais longe.
Estes testemunhos integram os vídeos e conteúdos multimédia de cada um dos quadros emblemáticos a divulgar nas redes sociais. “São pessoas que nasceram no meio da Romaria, como os irmãos Nogueira, da Ribeira, a Sofia Araújo, que pela ligação à etnografia mais tarde passou a integrar a Comissão de Festas, ou, entre tantos outros, a Sophie Viana, natural de Viana do Castelo, que vive na Bélgica e todos os anos desfila na Mordomia, assumindo o orgulho da herança que recebeu das mulheres da sua família. São estas vidas da Romaria que vamos contar este ano”, acrescenta António Cruz.
Assim, serão apresentados à hora e dia habituais do programa das festas de anos anteriores vídeos temáticos com conteúdos e testemunhos inéditos sobre o Desfile da Mordomia, Revista dos cabeçudos e Gigantones, Cortejo Histórico- Etnográfico, Tapetes de Sal da Ribeira, Procissão ao Mar, Procissão Solene e do Fogo-de-artifício.
“De todas as coisas que eu já presenciei e vivi ao longo dos 20 anos da minha carreira, as Festas da Senhora d’Agonia foram a mais espetaculares e inesperadas porque reúnem uma série de características que para mim são únicas”, afirma, num destes vídeos, a artista plástica Joana Vasconcelos, presidente da Comissão de Honra da festa de 2014.
António Coutinho e Conceição Zamith trabalham nos armazéns da VianaFestas e há mais de 20 anos que ajudam a dar forma ao Cortejo Histórico-Etnográfico, um trabalho praticamente anónimo, mas que não passa em branco em 2021.
“Fico contente quando vejo que o trabalho vai criar emoções às pessoas e transpô-las para os momentos do Cortejo. Eu acho que a grande festa é verdadeiramente o número de pessoas que se junta e com uma serenidade notável”, recorda António Coutinho, num dos conteúdos a divulgar.
O mesmo acontece com Gil Baldwin, uma inglesa apaixonada por Viana do Castelo, onde vive há sete anos com a família, e que relata a sua experiência com a Romaria e com uma terra que até então desconhecia. Hoje vive as festas como qualquer vianense e nos seus tempos livres pinta sobre a Rainha das Romarias.
“A primeira vez que vi as festas senti-me enamorada, como quando me apaixonei pelo meu marido. Um sentimento que ficou dentro de mim e nunca mais sairá, até morrer”, explica, emocionada.
Também Lúcia Santos, natural do Porto, apaixonou-se pela etnografia e cultura vianense, cujo expoente máximo é a Romaria d’Agonia, e há 14 anos que participa no Desfile da Mordomia pelas ruas de Viana do Castelo. “Em Viana do Castelo e nesta Festa o traje é vivo. Uma rapariga jovem de Viana deseja ter um traje ou uma peça, há uma passagem de testemunho e é de louvar por preservarem tão bem e com evolução”, recorda.
Como não há Romaria d’Agonia sem bombos, esta genuína arte popular merece destaque nos conteúdos a divulgar nos próximos dias, como através da voz de Alcino Silva, artesão e diretor do Grupo de Santo André de Amarante.
Em agosto, a agenda deste que é também um dos mais antigos tocadores de bombos de Portugal, e do seu grupo, está sempre reservada para a Romaria d’Agonia.
“Há 53 anos que toco nas Festas da Senhora d’Agonia e não me canso. Gosto muito. Tenho muitas festas, mas a esta festa nem tocadores me faltam, todos querem ir tocar às festas de Viana”, recorda.